O CONTROLE DAS VARIZES

Professor e angiologista brasileiro comenta os prós e contras do controle

das varizes com a escleroterapia com espuma para o “Jornal de Saúde”

            A escleroterapia com espuma é uma notável conquista da medicina e da tecnologia. A técnica é moderna e mais segura para quem tem insuficiência venosa crônica, as varizes, pois permite o controle da doença, proporcionando maior qualidade de vida. As pessoas  idosas, portadoras de outras doenças crônicas e complicadas, envolvendo úlceras e erisipelas, podem tratar com esse processo. Vale lembrar que o método da escleroterapia não tem a gravidade de uma cirurgia que requer ambiente hospitalar, podendo ser feita em clínicas ou em consultórios bem aparelhados. A segurança deve ser garantida pelo bom treinamento do profissional angiologista com formação adequada em ultrassonografia. Já existem diretrizes, elaboradas por especialistas, em congressos de consenso ou baseados em grande experiência multicêntrica.

            Nessa entrevista, o cirurgião cardio-vascular e angiologista Francisco Reis Bastos, pioneiro na técnica no Brasil, representante da Sociedade Francesa de Flebologia para a Latino-america e diretor da SBACV-MG, aborda esse procedimento com seus riscos e vantagens.

O que é a escleroterapia com espuma?

É um método de controle das veias doentes. A medicina tradicional faz a ablação das veias doentes que atrapalham a drenagem correta do sangue venoso. Antes, eram as cirurgias que retiravam as veias doentes com cortes e anestesia. As veias retiradas eram eliminadas por extração. Já, a escleroterapia com espuma elimina as veias doentes por cicatrização interna, deixando de atrapalhar e as outras veias agradecem.

Qual a diferença entre as chamadas “aplicações” e a atual escleroterapia com espuma?

A escleroterapia clássica é a técnica de cicatrizar as veias doentes, executada há mais de 160 anos, usando substâncias esclerosantes líquidas. O povo chama de “aplicações”, pois são injeções de líquidos intra-venosos  para cicatrização interna das veias doentes. Já, a escleroterapia com espuma usa o esclerosante sob a forma de espuma. O “efeito espuma” permite um maior contato e absorção da substância esclerosante, garantindo mais segurança com aderência e menos  medicamentos. A escleroterapia é o curso primário e a escleroterapia com espuma é o curso superior.

Como é feito o tratamento?

A pessoa fica deitada em uma mesa e identificamos a área com as veias mais doentes e com  um punção venosa, injetamos a espuma esclerosante, que se agarra à parede da veia doente,  provocando um edema que, posteriormente,  se torna uma cicatriz dentro da veia. A colocação de meias elásticas medicinais ajudam a aproximar as paredes da veia para cicatrizá-las. A recomendação é o paciente caminhar para prevenir eventuais complicações, como trombose nos trombofílicos.

Quais as vantagens desse tratamento?

O método é minimamente invasivo e pode ser feito fora dos hospitais, em regime ambulatório e dispensa anestesista. O processo ocorre em etapas, sendo adequao às necessidades de cada paciente. É um método democrático, pois permite a todos os portadores de varizes serem tratados, mesmo quem tem uma doença mais avançada ou associada a outras comorbidades, idoso ou não.

Esse método é dispendioso?

Apesar de envolver tecnologia moderna, como o ecodoppler (Ultra-som) e o venoscópio de LED (transiluminação), o método é mais barato, pois dispensa o custo da estrutura hospitalar com o serviço de anestesia. O método também não exige repouso e a pessoa volta, imediatamente, às suas atividades.

Quais são os riscos?

A escleroterapia é um método usado há muito tempo e tem as complicações conhecidas. Como a escleroterapia com espuma usa um potencial esclerosante maior – “o efeito espuma”, deve-se ter cuidados proporcionais. O processo requer um maior controle preciso com o ecodoppler e a injeção da espuma deve feita, cuidadosamente, com baixa pressão e, sempre dentro das veias. O produto não deve ser injetado dentro das artérias.

E as complicações?

A complicação mais frequente é o surgimento de manchas escuras na área tratada, em pacientes de cor morena. Eles podem ter manchas com escleroterapia, com cirurgias, ou até mesmo, antes desses métodos, pois é uma característica da pessoa com seu fototipo. Outras complicações podem ocorrer, como escotomas visuais, tonteiras e até AVC, se não forem cumpridos os preceitos do Consenso sobre Escleroterapia, contudo, são manifestações sempre passageiras. Nossa experiência em 3 mil sessões de escleroterapia com espuma permite afirmar que as complicações são muito raras.

As varizes doem?

A dor é um sintoma que pode ou não ocorrer com as varizes. Já, o sinal de uma veia  dilatada revela a existência de doença na circulação.

O tratamento cura as varizes? Infelizmente não. Nem a escleroterapia com espuma cura as varizes, pois é uma opção mais moderna para controlar a doença. A recomendação é revisões periódicas para avaliar novas novas veias dilatadas e com refluxo para ser esclerosadas.

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