SIMILITUDES EM ANGIOLOGIA

Resumo

Trata-se de um resumo de verbetes que, por semelhança, passaram a ser usados em angiologia ou imaginados para melhor explicar os fenômenos e as estruturas encontradas no cotidiano. As similitudes são encontradas e refletem o universo no corpo humano. Elas serão relatadas em ordem alfabética.

Palavras-chave: Angiologia; Educação Médica; Terminologia.

Abstract

It deals of a words compilaton that, through analogy, becomes used as terms for several medical specialites. This compilation has beeen carried out along the activities years in the angiology practice. The notes are organized in alphabetic order.

Key Words: Angiology, Education Medical, Terminology.

Introdução

        Faz parte da natureza humana comparar o que vê. Comparando, entendemos e memorizamos a vida. Ficamos mais inteirados com o mundo que nos rodeia. As comparações servem para explicar e são usadas, desde Jesus Cristo, com suas parábolas famosas. Encontramos semelhanças em angiologia e também em outras especialidades da medicina, como muito bem nos relata Andrade, JS (1) em seus artigos.

A imagem do rato

A indústria cinematográfica criou vários personagens de bichos que se comportam como seres humanos. A imagem do famoso camundongo “Mickey Mouse”, criado por Walt Disney, é encontrada na virilha humana, quando examinamos essa parte do corpo humano, via ecodoppler venoso. Ela é composta pela veia e artéria femorais e pela veia safena magna. A cabeça do rato é representada pela veia femoral de maior calibre e as orelhas do rato são representadas pela artéria femoral posicionada ao lado e pela safena magna colocada um pouco acima. É uma das primeiras imagens memorizadas pelo aprendiz de ultrassonografia.

Serve para nos localizar na região da junção safeno-femoral, ponto importante para conferir o fluxo e eventuais refluxos do sangue na rede venosa.

Figura 1. Imagem dos vasos inguinais ao ecodopler, cedida pelo Dr Adriano de Souza.

Olho de Horus – O olho egípcio

 Hórus, era o deus egípcio do céu, filho de Osíris e Ísis.Tinha cabeça de falcão e os olhos representavam o sol e a lua. Olho de Hórus  é um símbolo, proveniente do Egito Antigo, que significa proteção e poder.

É uma curiosa semelhança encontrada entre as várias fáscias que envolvem a veia safena magna ou a veia safena parva no membro inferior. A fáscia safena fica anterior ao canal da safena e a fáscia lata fica posteriormente, fazendo o contorno do olho de Hórus. A pupila é a veia safena. Tal semelhança gerou a imagem de capa do mais famoso livro de ecoescleroterapia com espuma – “La Sclerotherapie” de J.P. Gobin e J.P. Benigni. Editions Eska Paris  (2)

Figura 2. Veia safena entre aponeuroses.  Figura 3. Desenho da capa do livro “La        Sclerotherapie” O olho de Horus.  Falta a azul para comparar. A do doppler pode ser trocada pela foto da pág 146 fig.13.2

Pérola negra

Geralmente, as pérolas são de cor branca, geradas por moluscos, ostras, a partir de um grão de areia. As pérolas negras são as mais raras  encontradas na natureza. Podem ser cultivadas e são chamadas Pinctada Margaritifera, também conhecida como ostra-dos-lábios-negros. Para que uma pérola negra seja gerada, é necessário inserir na ostra um núcleo de outro molusco. O molusco se irritará e cobrirá o núcleo com o nácar da cor negra.

No corpo humano, quando uma veia dérmica se dilata, se torna aneurismática e toma a forma da pérola negra, ou seja, arredondada. Tais pequenos aneurismas constituem  um ponto de grande fragilidade que podem se romper e gerar grandes hemorragias. Imagine tal sangramento dentro de um banheiro, quando a pessoa está tomando banho. O sangue fluirá e não será percebido, pois tem a mesma temperatura da água do banho. Pode levar a tanta perda de sangue que causará uma queda da pressão sanguínea e desmaios com consequências desagradáveis.

Hoje, tais pérolas podem ser tratadas com escleroterapia com espuma e compressão.

Figura 4. Pequeno aneurisma representado pela Pérola Negra.

Ferrugem

As manchas hipercrômicas são características próprias de quem tem insuficiência venosa crônica. Tanto têm manchas escuras as que se submetem a tratamento cirúrgico, quanto os que se submetem a tratamento ecoescleroterápico com líquidos ou espumas.  Também têm manchas hipercrômicas que chamamos de “ferrugem”, aqueles que ainda não se submeteram a tratamento  nenhum (veja figura 5.). É que na insuficiência venosa crônica, há uma facilidade da hemácia (hemoglobina) intravenosa migrar de dentro para fora da veia. Nesta doença, a parede venosa é mais frágil e fina. A hemoglobina se transformará em hemossiderina, que tem um tropismo pela derme, a camada mais profunda da pele, área em que se fixa como uma tatuagem da cor da ferrugem, o óxido de ferro.

Os casos mais graves são representados pela dermite ocre de Fabre e Chaix.

Felizmente, tais manchas tendem a desaparecer, se a insuficiência venosa crônica for bem controlada. Podem melhorar com tratamentos dermatológicos. Ao venoscópio, podemos ver pequenas varizes que devem ser tratadas com ecoescleroterapia com venoscópio de luz LED.

Figura 5. Manchas hipercrômicas com varizes.

Tábua de Tiro ao alvo

            A reação de uma veia, quando é submetida ao tratamento escleroterápico, é muito interessante. A espuma destrói o epitélio e adere à camada média da veia, que responde, prontamente, com um edema visível ao ecodoppler. Esse edema em anel gera uma imagem similar a uma tábua de tiro ao alvo. As camadas mais centrais permanecem com algumas bolhas e as camadas mais externas demonstram o edema, causado pelo inicio da reação cicatricial. Em francês, fala-se em “cocarde”. Figura 6 (3)

Figura 6. Veia tratada com espuma, mostrando camada média edemaciada, entre as setas amarelas

Hemangioma em Rubi

Figura 7. Hemangioma em rubi (Centrar a foto)

Rubi é uma pedra preciosa vermelha, uma variedade do mineral corindon (óxido de alumínio), cuja cor é causada, principalmente, pela presença de crômio, originado da África, Ásia e na Austrália. Hemangioma é uma alteração vascular com proliferação benigna de pequenos vasos, acumulando sangue em seu interior.

Conclusão

Esse relato simples e despretencioso foge da sistemática científica, mas pretende servir ao ensino da angiologia e, mesmo da medicina, tornando mais fácil as explicações e a memoriazação. São relatadas imagens de ratos, olhos, pérolas e ferrugens relacionadas com o corpo humano.

Referência

  1. Andrade, JS. Rev Méd de Minas Gerais 2008; 18(3): 220-224-Volume 18. (N 3 – Julho a Setembro de 2008 – ISSN0103-880 X)
  2. Gobin J.P, Benigni J.P. La sclérothérapie. Editions ESKA 2007
  3. Bastos, FR  Escleroterapia com espuma.  Editora Folium, Belo Horizonte. 2012.

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